Depois de publicar o artigo sobre 6 freelancers que fizeram sucesso antes do 18 anos, recebi uma mensagem no facebook de um brasileiro que estaria interessado em contar a sua história de sucesso no mundo do freelancing. Ele afirma que optou por fazer isso porque “todos os exemplos eram estrangeiros. O povo brasileiro gosta pouco de acreditar em si e pensa que tudo o que é bom vem de fora. Por isso, quero passar a outra imagem que no Brasil também é possível ter sucesso como freelancer!”. Esta é um visão que afeta muitos brasileiros e portugueses, pensando que o sucesso faz parte dos outros países, porque só lá existem bons profissionais e oportunidades para crescer.
Foi esse o principal motivo que aceitei publicar o texto enviado pelo Filipe Menezes (nome fictício). Para que você, que está a ler o texto neste momento, acredite que não é preciso viver em países como os Estados Unidos ou Inglaterra para que o sucesso lhe venha bater à porta. Bem pelo contrário. Países menos desenvolvidos, significa que ainda existe muito mercado para explorar e que os concorrentes também são menos ferozes. Nem tudo são desvantagens por viver num país desses. Principalmente o Brasil, que está neste momento em franco crescimento e que tem toda as possibilidades para ser uma potência mundial.
As palavras que vai ler a seguir são bastante sinceras e comprovam que a vida dá muitas voltas. Que tanto num momento pode estar muito mal, como depois com muito trabalho pode se erguer e tornar uma pessoa de sucesso. O Filipe, dá provas neste artigo que a persistência, mais tarde ou mais cedo, acaba por compensar. Basta apenas acreditarmos muito em nós. Segue em baixo o texto, espero que lhe sirva como motivação!
Um brasileiro de sucesso
“Em primeiro lugar e para não ser mal interpretado, gostaria de dizer que isto representa apenas a minha história de vida. Não sou muito bom ou melhor que os outros. Apenas quero dar a conhecer o exemplo de sucesso de um brasileiro no mundo do freelancing. Visto que num artigo publicado pelo Luciano, todos os exemplos eram estrangeiros. O povo brasileiro gosta pouco de acreditar em si e pensa que tudo o que é bom vem de fora. Por isso, quero passar a outra imagem que no Brasil também é possível ter sucesso como freelancer! Ainda por cima porque a minha história tinha tudo para dar errado. Pouco dinheiro, um país pouco evoluído e a falência de uma empresa pelo meio. Mas antes de iniciar a minha história, quero deixar aqui um recado para todos os que se querem iniciar na área do freelancing: vão ter muito trabalho e é preciso acreditarem muito em vocês para conseguirem vencer!
Quando era pequeno, nunca soube o que queria ser. Sempre pensava que quando terminasse o colégio saberia escolher o que queria seguir. Acabei por não entrar na faculdade. Mas não por não saber que curso queria, mas sim porque a minha família não tinha dinheiro. Todos os brasileiros sabem o que era a miséria do Brasil nos anos 70. Muitos passavam fome. Isso de vez em quando também me acontecia. Eu ia para o colégio e o meu café da manhã era um bolo dividido com um colega meu. Foi assim durante vários anos. Quando terminei o colégio, fui logo trabalhar. Felizmente consegui emprego, trabalhando numa loja de venda de roupas.
Foi aí que comecei a perceber que o comércio era realmente uma coisa que me agradava. Tinha a possibilidade de convencer um cliente a comprar alguma coisa, por pior que fosse. Isso para mim era um desafio constante. Queria sempre vender mais e mais. Contudo, uma coisa me estava desmotivando: eu vendia mais que os outros, mas como ainda era novo, o meu salário não aumentava. E foi aí que começou a surgir as primeiras ideia de iniciar o meu próprio negócio. Durante quatro anos continuei a trabalhar na loja, juntando todos os meses uma percentagem daquilo que recebia, sempre com o objetivo de abrir o meu próprio negócio.
Juntamente com um colega meu, abrimos no final desse período uma loja de roupas. O entusiasmo foi geral no início. Pensamos logo em ficar ricos. Sempre desprezamos o trabalho que era realizado pelos chefes. Tínhamos a ideia de que se a loja tinha tanto sucesso, era porque nós, vendedores, conseguíamos fazer um trabalho fantástico. Depois de abrir a minha própria loja vi que não era bem assim… A minha única experiência era como vendedor. A parte da gestão financeira, gerenciamento de stocks, planos a longo prazo ou publicidade, eram novidades para mim. Vi-me perdido. Conseguia vender, mas as contas acumulavam-se. Vendíamos bem, o problema era que o dinheiro parecia não chegar.
Ao fim de um ano. O sonho acabou. Declaramos falência por dívidas aos fornecedores. Muitos nos perguntavam como seria possível, uma loja que até vendia bem, já estar fechada. Pois, o problema é que por mais que vendêssemos, tínhamos sempre um stock enorme de roupa guardado e fazíamos publicidade em tudo o que era local. Uma coisa acabou por não compensar a outra. Com tudo isto, eu e o meu colega fomos parar a tribunal, para liquidarmos as dívidas que tinhamos deixado. O meu sonho de ter o próprio negócio parecia ter chegado ao fim. Depois disso, andei outros quatro anos a trabalhar para pagar as dívidas. Naquela mesma loja onde me tinha demitido. Era frustrante, esforçar-me para pagar contas e pouco restar para mim.
Apesar da decepção, sentia que aquele bicho de ter o meu próprio projeto não tinha morrido. Passados dois anos de pagar todas as contas, surgiu uma proposta que voltou a mexer comigo. Uma empresa de venda de produtos porta a porta estava à procura de colaboradores. A notícia tinha sido dada por um colega meu, era o gestor da cidade onde eu vivia. Parei para pensar. Quando voltaria a ter outra oportunidade destas? Falei com esse meu tal amigo e pedi-lhe um mês. Depois desse período, iria comprometer-me a trabalhar para ele. Ele aceitou. No mesmo dia despedi-me da loja de roupas. Peguei em algumas poupanças e comprei pouco mais de dez livros sobre vendas. Durante esse período, devorei tudo o que poderia aprender sobre vendas. Estudei como faziam os melhores. Sentia que tinha ali a oportunidade da minha vida e não a queria desperdiçar. Ao fim de um mês, estava pronto para passar da teoria à pratica.
Os primeiros dias foram difíceis. Contudo, rapidamente comecei a conseguir adaptar aquilo que tinha lido à minha realidade. As vendas foram surgindo naturalmente. Em poucos meses, fiquei como responsável pela venda de produtos na minha cidade. Depois de cinco anos nesta área, tenho a dizer: compensa. Eu apenas pago uma comissão por cada venda à empresa, o resto fica para mim. No fundo, é um trabalho de freelancer, pois não tenho horas, posso aumentar os ganhos quando quiser e tenho possibilidade de contratar outras pessoas que trabalhem para mim, desde que respeitam algumas pequenas regras da marca.
Mas não pense que o meu dia-a-dia é fácil. Eu trabalho e muito para estar onde estou. Consigo rendimentos na ordem dos três mil reais por mês, mas ainda hoje leio tudo o que posso sobre o mundo das vendas. Assisto a palestras para motivar equipas e planeio sempre o meu dia. Uma das coisas que me tem ajudado muito é tentar perceber o porquê de algumas aceitarem ou não aceitarem aquilo que estou a vender. Tenho todo um trabalho em casa que me garante grandes resultados depois na prática. Nada é garantido neste mundo, pois se não vender não ganho. Toda esta experiência que já adquiri, vai sempre me ser útil durante toda a vida. Já ninguém me consegue retirar e vá para que área for, ela será sempre valorizada. Se eu consegui, você também consegue. Só precisa de acreditar!“
Nota: O nome do autor foi escondido por motivos óbvios que se podem perceber durante a história.
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