Manter uma empresa ou um negócio de freelancer aberto por um longo período de tempo é uma tarefa árdua. Implica muito sacrifício e horas extra de trabalho por parte do fundador da empresa. Recentemente, li num jornal que em 100 empresas que abrem, 27 fecham as portas no primeiro ano de vida. A minha sensação é que este número pode ser bem maior, visto que estes dados são fornecidos por organizações do Estado, que normalmente revelam números inferiores aos reais. Pela minha experiência, acredito que o percentual de empresas que fechem ao fim de um ano de vida ronde os 50%.
Essa mesma realidade conseguimos facilmente ver na internet: muitos blogs abrem e ao fim de uns meses deixam de receber atualizações. O autor começa entusiasmado, publicando todos os dias. Depois dá aquela preguiça e só publica três vezes por semana. Passado dois a três meses, o site deixa de ter conteúdo atualizado. Mas porquê isso acontece? Existem várias razões, entre as quais:
- Falta de conhecimentos do que é necessário para triunfar na área
- Achar que é uma tarefa fácil, quando na verdade necessita de várias horas de investimento
- Começar por começar, sem ter objetivos definidos
- Não ter a mínima noção do que é necessário para gerir uma pequena empresa
- Falta de espírito de sacrifício
- Pouco conhecimento sobre o mundo empresarial
Passos pequenos, objetivos grandes
Pensar na rentabilidade de um negócio exige, acima de tudo, traçar pequenos passos com objetivos ambiciosos. Um dos grandes problemas dos jovens empresários é que definem grandes objetivos. Conforme vão verificando que não conseguem atingir essas metas, vão se sentindo desmoralizados e acabam por desistir do seu projeto. Essa capacidade de adaptação às situações é fundamental para quem tem uma empresa ou um negócio de freelancer.
Para ser proprietário de um negócio próprio a longo prazo, em primeiro lugar necessita de minimizar o número de passos. Para quem compreenda melhor, vou dar o exemplo da Escola Freelancer. Quando comecei o blog há pouco mais de um ano, a minha preocupação era só uma: conteúdo. Pode parecer bastante simples, mas se verificarem a meta “conteúdo” contém várias sub-metas:
- Ter artigos de extrema qualidade
- Tentar encontrar conteúdo que agrade aos leitores
- Pesquisar por informação única no mercado de freelancing
- Criar posts práticos que possam ajudar os leitores
- Destacar dos concorrentes pela qualidade e pela regularidade
- Publicar, no mínimo, três artigos por semana
- Encontrar temas que tenham grande volume de pesquisa no Google
Como podem ver, um pequeno objetivo implica realizar várias tarefas. Daí aconselhar os leitores do blog a adoptaram uma postura Zen Habits, que obriga a definir um objetivo a cada mês. Imagine, se eu ao início pensasse em publicar textos de qualidade, crescer nas redes sociais, aumentar a rentabilidade ou criar produtos? Com certeza a minha cabeça não teria capacidades para ultrapassar todos os obstáculos de uma forma eficiente. O mais provável, seria realizar um pouco de todas os objetivos, mas sem conseguir retirar grande qualidade do meu trabalho.
Concentre-se no essencial
Depois de definir de forma correta os objetivos do que pretende para o seu negócio, está na hora de se focar no essencial: o seu produto. Sem algo para vender que tenha qualidade, de pouco irão valer os reais gastos em campanhas de marketing ou na construção de um bom layout para o seu site. Como disse no exemplo acima, no início da Escola Freelancer o meu foco principal era o conteúdo, pois esse era o meu produto, aquilo que me permitiria destacar no mercado. Se você é jornalista freelancer, concentre-se em ter primeiro textos de qualidade e aos poucos ir divulgando o seu trabalho. Se está a começar a carreira de blogueiro, dedique o seu tempo a ler artigos de outros sites e a escrever textos que deixam os seus leitores de boca aberta.
Procure pelo preço certo
Pensar na rentabilidade de um projeto passa, em grande parte, por saber cobrar pelo preço certo do seu produto. Se for caro demais, estará perdendo clientes. Se for muito barato, estará constantemente a perder dinheiro. Em artigos anteriores, dei a conhecer a técnica de Mark Up, que dá uma excelente ajuda na hora de definir os preços do serviço de freelancer.
Há pouco tempo tive essa infeliz experiência com isso num site onde eu pretendia colocar um banner de publicidade. Até me parecia uma página de qualidade e que poderia ser um bom investimento. Contudo, o dono me apresentou valores muito acima do que eu acho justo por aquele espaço de publicidade. O problema é que os preços não estavam um pouco acima, mas sim exageradamente acima! Com isso, acabei por nem sequer entrar mais em contato, visto que as possibilidades de chegar ao preço que considerava justo eram mínimas. Na altura de escolher quando o cliente vai pagar, tenha muito cuidado, pois esse fator pode fazer a diferença na sua empresa.
Antes de vender, precisa de clientes
Outro dos fatores que leva à desmotivação dos empresários é o fato de quererem vender, antes de sequer terem uma boa quantidade de clientes. Depois de se focar na construção de um bom produto, concentre-se em aumentar a sua base de clientes. Você pode pensar que ter cem pessoas a seguir a sua página no Facebook pode ser uma boa fonte de divulgação do seu trabalho, mas a verdade é que isso não chega. Por vezes é preciso que milhares de pessoas conheçam o seu trabalho para que consiga realizar algumas vendas.
Só a título de exemplo, o blog tem mais de 4.500 fãs no Facebook, mas tem ideia de quantas visitas por dia isso rende ao site? Varia sempre as 200 e as 400. Ou seja, apenas 10% da potencialidade que tem a nossa página! Por mais melhoria de Edgerank que tentemos fazer, a verdade é que o rácio entre pessoas interessadas na página e pessoas que efetivamente leem os artigos é muito grande. Já reparou em quantas vezes você vê um produto antes de o comprar? Tal como você, existem milhares de pessoas que o fazem. Portanto, quando pensar em base de clientes, lembre-se que é necessário um grande número de interessados para que se registrem apenas algumas vendas. Pensar desta forma, diminui a sua frustração nos primeiros tempos.
Mostre ao mundo que você existe
Antes de pensarmos em rentabilidade, é necessário que as pessoas nos conheçam. Divulgar o seu trabalho é algo essencial nos primeiros tempos. Antes de pensar em ganhar dinheiro, terá decididamente de pensar em investir. E não falo de uma quantia aqui e outra ali. Pelo menos durante o primeiro ano, é necessário campanhas de marketing bastante agressivas para que os pretendentes a clientes tenham noção de que você existe.
Quando trabalhava no jornal, fui verificando que as empresas deixavam de investir em publicidade, poupando dinheiro devido à crise. Isso será uma boa opção? A meu ver, não. Se pensarmos a curto prazo, até podemos ver como uma boa escolha, visto que a empresa está tomando opções para gastar menos dinheiro. Contudo, uma visão a longo prazo mostra-nos naturalmente que esse princípio irá gerar um ciclo vicioso negativo: menos publicidade significa menos visibilidade, que por si só leva a que menos clientes procurem pelo produto. Ora, sem clientes não há dinheiro a entrar para a empresa e facilmente todo aquele dinheiro que foi colocado de parte, irá se esgotar.
Seja constante
Um dos grandes problemas dos empresários é a sua falta de consistência naquilo que estão fazendo. O melhor exemplo disso são os atendimentos dos sites de hospedagem. Se há coisa que me faz abandonar uma empresa deste gênero enquanto cliente é o fato de elas afirmarem que têm um chat disponível durante algumas horas e quando preciso dele…está offline. Atitudes como esta, fazem-me duvidar da credibilidade da empresa e da sua capacidade para satisfazer as minhas necessidades.
Enquanto empresário, você necessita de ser consistente nas promessas que faz aos seus clientes. É que ganhar a confiança deles demora muito tempo, mas perdê-la acontece ao mínimo pormenor. Se você “vende” o seu produto dizendo que ele tem determinadas características, ele tem de ter mesmo!
Tenha paciência
Ninguém disse que ter uma empresa é algo fácil. Quando você assina um contrato, 30 dias depois estará recebendo um salário. Quando cria uma empresa, não sabe quando vai ter o retorno do seu trabalho de volta. Poderá até nunca ter. Daí, muitas pessoas não terem o mínimo perfil para serem empresários. É necessário muita paciência para que os primeiros resultados comecem a aparecer. A estatística que demonstrei acima é o resultado disso mesmo: da falta de capacidade para o empreendedor esperar que o sucesso comece a dar frutos. Muitas empresários não triunfam por terem melhores capacidades que os seus concorrentes, mas sim porque tiveram mais paciência e acreditaram no seu projeto durante mais tempo.
Prepare-se para vender
Se você seguiu todos os passos anteriores, significa que tem grandes possibilidades de estar no momento certo para começar a focar-se mais na rentabilidade do seu projeto. Mas vender não é assim tão simples como você pensa. Necessita de:
- Várias opções de pagamento
- Mostrar ao seu cliente que este seu produto é a melhor escolha que ele pode fazer
- Ter uma forma eficaz de apresentar o seu produto
- Ter uma estratégia de marketing eficiente
- Ser agressivo nas suas vendas e deixar os seus concorrentes para trás
- Não venda o produto em si, mas sim o que ele é capaz de fazer
Mostre ao seu cliente que ele está a fazer a melhor escolha da vida dele. Se é freelancer, aprenda como fazer um portfólio de qualidade. Se trabalha na internet com info produtos, faça uma página de aterragem que leva o leitor à compra, e por aí adiante. Se tem dificuldades na área das vendas, aconselho que dê uma leitura no nosso artigo sobre como ser um excelente vendedor.
Diversifique as vendas
Por último, é importante que você diversifique as suas vendas. O que pretendo dizer com isto é que você não se deve concentrar em ter apenas uma ecommerce ou abrir um espaço físico numa loja. Tente fazer um pouco mais do que isso. Tem uma ecommerce? Faça um programa de afiliados para divulgar os seus produtos ou tente colocá-los à venda em lojas físicas. Se abriu uma loja num shopping, abra um site e tente vendê-los a um público diferente. Concentrar o seu negócio em apenas um local pode ser demasiado limitativo. E por vezes, grandes empresas tiveram que se reinventar por verem que afinal, a sua segunda opção, era mais rentável do que a primeira. A Colgate, por exemplo, começou vendendo velas e terminou comercializando pastas de dentes.
Quanto tempo demora para um negócio próprio se tornar rentável?
Responder a esta pergunta com exatidão é algo complicado. Depende sempre de vários fatores, que vão condicionar o crescimento financeiro da empresa. No entanto, existem alguns princípios que você deve seguir para que chegue de um modo organizado à rentabilidade. Com este artigo, espero ter alertado alguns empresários de que estão a seguir os passos errados. Vejo blogs com um mês de vida vendendo publicidade a cinco euros. Isso é errado! Que retorno você está dando ao investidor? O que você pode oferecer para ele em troca? Acima de tudo, vá com calma, e perceba que a rentabilização de um projeto depende muito da qualidade do mesmo, do trabalho e da paciência que o empresário tem.