A pergunta do título é feita inúmeras vezes na cabeça de qualquer pessoa que pretende trabalhar ter o seu próprio negócio. Afinal, quanto custa trabalhar por conta própria? Por mais que se diga que não ter um empresa envolve menos custos, a verdade é que terá sempre algumas despesas ao longo do mês. Por mais insignificantes que elas possam ser elas estão lá e é importante tê-las em consideração. Mas antes de explicar-lhe quanto custa trabalhar por conta própria, alerto que todos os pontos que vou falar em seguida são muito pessoais. Os custos para ser um web designer, por exemplo, não serão os mesmos por ser um tradutor. Já um redator freelancer não terá os mesmos custos de um fotógrafo freelancer e por aí vai.
Grande parte destes custos devem ser logo pensados no seu plano de negócios. Se você não sabe como fazer um, o melhor mesmo é dar uma olhada neste link para ter uma noção mais exata do que deve fazer. Para dar uma análise mais pormenorizada criamos também o nosso ebook Ser Freelancer, onde falamos um pouco mais sobre o tema das finanças pessoais.
EM CASA OU NO ESCRITÓRIO?
O ambiente de trabalho onde vai investir a maior parte dos seus dias deve ser o primeiro ponto a ser levado em consideração. Os custos de quem trabalha em casa são muito diferentes daqueles de quem necessita de pagar o aluguer de um escritório. Mas para saber por qual das duas situações optar, o melhor mesmo é fazer a seguinte pergunta: eu tenho necessidade de alugar um escritório? A resposta será afirmativa caso:
- Tenho uma equipe presencial que trabalha consigo
- Necessite de receber clientes constantemente
- Necessite de um espaço fora da sua casa onde consiga elevar os seus níveis de produtividade
- Não tenha um espaço próprio na sua habituação para manter o foco no trabalho
Se você não sente real necessidade de ter um escritório, o meu conselho é que comece trabalhando em casa. Defina o seu local de trabalho e faça a partir daí a gestão dos seus projetos. Além de ter menos custos evita perdas de tempo desnecessárias nas deslocações de casa para o escritório. Trabalho há alguns anos a partir de casa e não me arrependo dessa opção.
PAGAMENTOS LEGAIS DE QUEM TRABALHA POR CONTA PRÓPRIA
Este é o segundo fator que mais cria despesas para quem trabalha por conta própria. Além disso, o desconhecimento das leis laborais do seu país podem criar prejuízos incalculáveis para o seu negócio. Mas não me vou alongar muito nessa tema pois já criamos na Escola Freelancer artigos relacionados com a legalidade do trabalhador independente. Pode conferi-los aqui:
CUSTOS DO MATERIAL FÍSICO
Já falei muitas vezes aqui no blog sobre a importância de adquirir material de qualidade para o seu trabalho. Esse foi mesmo um dos pontos que eu referi no meu artigo pessoal sobre as 11 coisas que gostaria de saber antes de ter iniciado a minha carreira de freela. Pensar que um computador e uma cadeira “mais ou menos” são suficientes é pensar pequeno. Se você quer ser um empreendedor bem sucedido necessita de ter material que o ajude a ser mais produtivo, a criar projetos de qualidade, a manter o seu corpo sem lesões, etc. Com bons materiais você o seu cliente ficarão mais satisfeitos.
Dica: O trabalhar por conta própria é a sua própria empresa, por isso é importante que invista em você mesmo!
O freelancer necessita de bem mais do que um simples computador para trabalhar. Vejamos aqui outros custos físicos que ele deve ter em conta:
- Conexão à internet: Infelizmente a internet no Brasil nem é barata e nem tem muita qualidade, mas deve ser um custo que deve contabilizar. Um internet rápida faz toda a diferença no seu dia-a-dia.
- Software: Qualquer profissional, mais tarde ou mais cedo, será obrigado a investir em software. Porém, em algumas profissões esse investimento tende a ser mais avolumado. Enquanto redator freelancer atualmente tenho custos com email marketing, o Flow (para gestão de projetos), o Shoeboxed (para organização dos papéis), entre outros. Porém, já adquiri muitos outros que necessitam de apenas uma licença. O custo normal para a minha profissão ronda os 50 dólares mensais. Porém, em outras este valor pode subir consideravelmente.
- Alojamento web: O seu portfólio terá de ficar em algum local e isso envolve custos. Apesar de existirem opções grátis no mercado, aconselho que crie um portfólio profissional e compre alojamento e hospedagem.
- Impressora: Hoje em dia as impressoras estão mais baratas mas mesmo assim deve ser um custo a ter em conta.
- Ambiente de trabalho: Uma boa mesa, um bom candeeiro ou um quadro para o seu escritório fazem toda a diferença.
- Telefones e celulares: Apesar de existir o Skype para fazer as suas chamadas gratuitas e reuniões com clientes, a verdade é que um freelancer não deve dispensar um telefone e um celular como forma de contato.
- Cartões de visita: Não é obrigatório mas cada vez que você deixa de dar o seu cartão de visita a um possível cliente é um negócio que está a perder. Pense nisto.
NÃO SE ESQUEÇA DA APOSENTADORIA!
A aposentadoria é um dos pormenores que os trabalhadores por conta própria mais gostam de deixar para trás. Atenção que não estou falando da previdência social para freelancers, mas sim da aposentadoria privada. Ela é determinante pois a reforma garantida pelo Estado, por norma, dá para muito pouco. Um estudo da Federação Nacional de Previdência Privada revelou que apenas 6% dos brasileiros tem plano de aposentadoria privada. E esse número ganha ainda maior relevância quando o próprio estudo explica, que, apenas 1% da população brasileira se consegue financiar após a velhice. Resumindo: o valor pago pelo Estado não é suficiente e você necessita de começar a poupar para a sua aposentadoria.
Mas esses custos podem variar muito. Para conseguir o valor do salário mínimo quando se aposentar, um trabalhador de 25 anos necessita de começar a poupar R$ 40 todos os meses. Já um de 35 anos tem esse valor aumentado para R$ 80 enquanto que um de 45 anos terá de pagar R$ 167. Se quiser saber mais sobre este estudo, basta conferir aqui.
Dica de artigo: Entrevista com Conrado Navarro sobre gestão financeira para freelancers
CUSTOS COM OUTRAS PESSOAS
Um trabalhador por conta própria tem, normalmente, algumas pessoas trabalhando consigo. Quer sejam profissionais a tempo inteiro quer sejam freelancers, que fazem apenas alguns trabalhos esporadicamente. Apesar de menos constantes, estes custos também devem ser considerados no seu plano de negócios. Não se esqueça também daqueles pagamentos habituais como o contabilista, por exemplo.
COMISSÕES DE SITES PARA PAGAMENTOS ONLINE
Os pagamentos de comissões para sites de vendas também devem ser levados em conta. Este valor retirado pelas suas vendas (que varia entre 1 a 6%) acaba por ter um custo elevado ao final do ano. Se você faturou 100 mil reais ao final de um ano, um site que cobre 5% ficou com cinco mil reais do seu trabalho! Por isso, leve sempre em consideração estes pequenos pagamentos pois eles vão fazer falta no final do seu ano.
SEGURO DE SAÚDE
Tal como acontece na aposentadoria, o Estado não funciona tão bem como deveria. E o trabalhador por conta própria, sendo responsável pela sua própria situação física, deve pensar sempre em adquirir um seguro de saúde. Esse preço é igualmente reduzido, não ultrapassando algumas dezenas de reais por mês. Mais um custo que, apesar de ser baixo, deve ser levado em conta.
RENOVAÇÃO DE CONHECIMENTOS
Este é outro dos pontos que muitos profissionais gostam de deixar de lado. Porém, ele é tão importante como o investimento em material ou o investimento na sua aposentadoria. O trabalhador por conta própria deve estar constantemente a renovar os seus conhecimentos para que consiga ultrapassar os seus concorrentes. E claro está, essa renovação de conhecimentos tem um custo. Separe algum valor anual para adquirir livros, ir a seminários ou tirar um curso. Verá que é daqueles investimentos que traz um bom retorno.
FÉRIAS!
Um dos principais contras dos trabalhadores por conta própria é o fato de não receberem o seu salário quando estão de férias. Enquanto que numa empresa isso acontece, o freelancer ou o profissional autônomo dificilmente vão receber dinheiro enquanto estiverem de férias. Mas para ter direito aos seus dias de descanso, é necessário que pense nisso como um custo. O meu conselho é que todos os meses separe um determinado valor para as suas férias. Se o fizer com R$ 100 durante os 12 meses, terá no final do ano R$ 1.200 reais para passear durante alguns dias.
COMO CONTROLAR TUDO ISTO?
Tudo o que eu expliquei acima para ser tudo bonito e perfeito. Porém, a maioria dos profissionais fica por aqui mesmo e nem sequer chega e pensar em todos os custos para iniciar o trabalho por conta própria. O primeiro passo para ser bem sucedido nesta gestão financeira é criar um plano de negócios. Faça um levantamento de tudo aquilo que considera uma despesa e insira nesse plano de negócios. Atenção que isto é apenas uma estimativa. O mais certo é que grande parte desses valores no futuro nem sequer correspondam à verdade. Contudo, é importante que você tenha essa base.
O passo seguinte é manter sob controle todas as suas despesas. Em muitos casos um simples ficheiro excel funciona. Em outros, é necessário utilizar alguns aplicativos para fazer essa gestão. Para ajudá-lo separei um lista quatro aplicativos que já experimentei e que gostei de usar:
E vocês leitores, acrescentariam algum custo a todos estes pontos que abordei?
Abraço!