Atingir o sucesso em qualquer área é uma tarefa árdua. Exige muita dedicação e empenho durante vários anos consecutivos. É necessário estar focado naquele objetivo de uma forma intensa. Mas se chegar ao topo não é fácil, manter-se lá em cima é algo ainda mais complicado. Vemos isso muitas vezes no esporte, em que os títulos de melhores do mundo raramente se repetem de um ano para o outro. É necessário muita humildade para uma pessoa manter o nível de exigência que a ajudou a atingir ao topo. A tendência é, normalmente, para relaxar um pouco. Mas muitas vezes esse relaxamento paga-se caro, principalmente a nível empresarial, em que a perda de clientes podem levar ao fim de uma empresa.
Encontrar uma resposta para explicar os fracassos de empresas que já tinham atingido o sucesso foi sempre um desafio para mim. Até ao momento, não tinha encontrado uma justificação que me convencesse. Até que há pouco tempo encontrei um vídeo TED (poderá vê-lo no final do artigo) que resumiu bem o que acontece nesse tipo de situação e que decidi partilhar com os leitores. O seu autor é Richard St. John, um empresário que passou por este situação “na pele”: abriu uma empresa, atingiu o sucesso e aos poucos foi perdendo clientes, chegando a despedir todos os funcionários. Contudo, ele foi capaz de dar a volta por cima e voltar a triunfar. Se não quiser passar por momentos menos felizes depois de atingir o sucesso, aconselho que preste atenção à história de Richard St. John e analise os erros que ele cometeu.
1. Pensar que o sucesso é uma estrada de sentido único
Quando começamos um negócio, nos primeiros tempos iremos sempre crescer um pouco. Afinal de contas, ao início não existem clientes e tudo o que aparecer, é lucro. Por isso ficamos com a sensação de que a empresa estará sempre em crescimento, o que na verdade não acontece. O sucesso pode ser uma estrada com sentido único, mas esses casos são raros. Habitualmente, o caminho para o sucesso é feito de muitas subidas e descidas. O problema é que a maioria dos aspirantes a empresários não têm essa noção e pensam que o crescimento de uma startup é algo exponencial.
Muitos livros explicam que a criação de uma empresa é semelhante à de um filho. Exige muita atenção e dedicação, mas nem sempre ela vai corresponder às suas expectativas. Por mais que se dedique, a sua empresa em certas ocasiões não vai dar a resposta que pretende. Entenda que um projeto pode ter vários momentos (positivos e negativos) e um dos fatores que o vai diferenciar dos seus concorrentes é o modo como você actua nos momentos menos bons.
2. Deixar de fazer o que o levou ao sucesso
Richard St. John chamou-lhe a “zona de conforto”, que não é mais do que o relaxar do empresário depois de atingir o topo, deixando de parte os hábitos que o ajudaram a atingir o sucesso. Imagine que para ter a empresa número um do Brasil na venda de sapatos, um empresário trabalhou muito, abdicou das horas de sono e foi super atencioso com os seus clientes. Quando chegou ao topo, resolveu “descansar” um pouco e aproveitar o dinheiro que estava ganhando. O resultado mais provável é que a empresa comece a perder clientes e foi isso que aconteceu com Richard St. John.
3. Você deixa de ter ideias
As ideias surgem quando estamos motivados e prontos a inovar no nosso negócio. Se o empresário relaxa ao atingir o sucesso, essas ideias começam a desaparecer rapidamente. A criatividade não é algo que se trabalhe facilmente, mas ela aparece quando existe vontade em fazer algo diferente do comum. Richard St. John destaca estes pontos como fulcrais para conseguir novas ideias:
- Ouvir
- Observar
- Ser curioso
- Fazer perguntas
- Resolver problemas
- Trocar ideias
Quando nos “encostamos” a pensar que já atingimos o sucesso, deixamos de realizar todos estes pontos e as ideias acabam por desaparecer. “Eu achava que elas tinha de aparecer por magia. Mas a única coisa que aparecer foi um bloqueio criativo”, relata o empresário, depois de começar a ter dificuldades em ser criativo e produtivo ao mesmo tempo.
4. Perda de foco nos clientes e nos projetos
Com o dinheiro a aparecer como nunca, é normal os empresários perderem um pouco o foco naquilo que têm para fazer. Afinal de contas, agora podem viajar e comprar carros melhores. Esta falta de equilíbrio ajudou a levar à ruína a empresa de Richard St. John. “De repente estava ao telefone com o meu corretor de ações da bolsa e com o meu agente imobiliário, quando deveria estar a falar com os clientes”.
No artigo sobre os 6 freelancers que tiveram sucesso antes dos 18 anos, dei a conhecer casos de jovens que continuam a ter o mesmo estilo de vida, apesar de gerarem fortunas todos os meses. Suhas Gopinath continua a viver numa casa média, tem um carro normal e não tem um celular de última geração. Já Ian Purkayastha continua a produzir as trufas e a buscá-las aos aeroportos, tal como os seus empregados. Estas opções destes jovens, ajudam a que mantenham a humildade e não se esqueçam da forma como tudo começou.
5. Deixa de fazer aquilo o que gosta
Com o crescimento da empresa, Richard St. John decidiu mudar de funções. Afinal, agora era o grande dono e tinha que assumir o papel de gestor. “Eu sou o pior gestor do mundo. Mas achei que devia começar a fazê-lo porque afinal eu era o presidente da empresa”. Esse erro saiu-lhe caro: ficou deprimido e começou a tomar medicação. Isto tudo porque deixou de fazer uma coisa que gostava (produção), para passar a fazer algo que pouco percebia e que odiava (gestão). Não só afundou-se a ele, como também à empresa.
6. O seu negócio começa a cair
Ao passar por todos estes processos, o mais certo é que o seu negócio comece a cair e que acabe por perder clientes. Mas esse processo não acontece de um dia para o outro. Como refere Richard St. John: “Os clientes não telefonaram, porque eles sabiam que eu já não estava a trabalhar para eles, estava simplesmente a trabalhar para mim. Então eles levaram o dinheiro e os projetos deles a outros que os podiam ajudar melhor. Não demorou muito até que o negócio caísse que nem uma pedra. O meu sócio Thon e eu tivemos que despedir todos os nossos funcionários”.
A situação final
Quando todos poderiam pensar que Richard St. John iria ficar desesperado com o perda de funcionários por parte da sua empresa, foi nesse momento que ele e o seu sócio surpreenderam todos. “Era ótimo! Porque sem empregados, eu não tinha ninguém para gerir. Por isso voltei a fazer os projetos que eu adorava. Voltei a divertir-me. A trabalhar mais. E resumindo: fiz todos as coisas que me levaram novamente ao sucesso. Mas não foi um viagem rápida. Demorou sete anos. Mas no final, o negócio cresceu mais do que nunca. Aprendi que o sucesso não é uma estrada de sentido único. Não se parece com isso. É uma viagem contínua”.
Conclusão
Com exemplo de Richard St. John, ficou a conhecer a história de um empresário que trabalhou muito para atingir o sucesso, mas que depois relaxou perante o que conseguiu. Essa atitude quase obrigou ao fecho da sua empresa. Por sorte, ele conseguiu a recuperação e ao mesmo tempo descobriu qual tinha sido o seu erro. Este artigo teve como objetivo alertar o leitor que a manutenção do sucesso de qualquer negócio dependerá sempre do seu trabalho e que atingir o topo, não é sinônimo de mudança de atitude, mas sim de mais trabalho e dedicação.